terça-feira, 11 de dezembro de 2012

10 de dezembro!

Foi ontem. Segunda-feira, dia de folga. Dia do Palhaço! E, andando pela rua, registrei uma imagem para o dia. Não sei dizer que grafite seria, talvez algum torcedor do Corinthians começando a desenhar a bandeira do Japão. Aquela bandeira branca e pacífica adornada com um belo narigão! Aqui, só falta pintar...



E, além das homenagens e comemorações que devem ter pipocado por aí, uma notícia boa! O projeto do cd do circo Nerino, 'A Música no Circo Nerino' emplacou no Catarse.
Olha aí: catarse.me/pt/amusicanocirconerino e, se quiser continuar acompanhando olhe aqui também:
www.facebook.com/amusicanocirconerino

A dica da vez, pra quem gosta de histórias e causos, é dar uma olhada no site www.diadopalhaco.com.br, sítio organizado por Olney de Abreu, um dos entrevistados entre os alunos da Academia Piolin. No site podem ser encontrados registros de diversas celebrações do Dia do Palhaço. É bem legal.

Não tenho escrito muito coisa ultimamente nem postado nada, mas tenho pensado bastante nas novas idéias, remexido em algumas possibilidades no back stage aqui dos meus afazeres. Principalmente sobre o novo site e sobre os desenvolvimentos futuros possíveis e em como envolver mais pessoas, em como dividir isso, em como deixar o projeto 'andar com suas pernas' e não só andar por aqui entre os meus pensamentos. As vezes fico pensando SE e O QUE as outras pessoas pensam nele. Principalmente quem conhece um pouco, quem me conhece, quem está direta ou indiretamente envolvido. Enfim... E também, apesar de não colocar novas postagens, tenho aqui temas e rascunhos vários! Com o tempo, as coisas vão florescendo. Por ora... Por hoje e por ontem - e pelos amanhãs! - um belo e feliz Dia do Palhaço para todos nós! Todos os dias são dias de celebrar a alegria.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

pela Ladeira da Memória

Está aqui mais uma postagem que aguardava há bastante tempo nos rascunhos... Não entre os tópicos que gostaria de discutir aqui, alguns temas profundos, outros levianos, uns mais e outros menos acadêmicos... Não esses. Estava aguardando entre rascunhos avulsos, carregados de sensação.

Engraçado que tinha só o título e cá estou eu, entre reflexões sobre a memória, com um título desses, exercitando a minha na prática e obviamente... num espiral... refletindo enquanto lembro, exercitando enquanto reflito, lembrando enquanto percebo o quanto pode ser profunda a luz de fim de tarde quando se está num dia de entrega.

Antes que pareça que nada tem a ver com nada aqui. É preciso fazer sabido que a Ladeira da Memória é lugar concreto. E, naquele dia, sem preguiça, eu subia. Nada de ladeira abaixo em confusão de pensamento. Era tarde de uma provável segunda feira, nem sei se fui ao Centro de Memória do Circo naquele dia ou se só passei perto. (Pois agora minha escola está quase funcionando ali bem do lado. E isso é ótimo.) Mas naquele dia, ao invés de subir a escada rolante do metro Anhangabaú pra chegar logo lá em cima, eu fui a pé. Subindo a ladeira... Aquela ladeiroca toda charmosa no nosso conturbado centro paulistano  Entre entrevistas, pensar, pesquisar e pensar mais um pouco... Tenho uma recordação com cor, sombra e luz, cheiro e sensação de vento... de subir a ladeira ali pra achar o Theatro Mvnicipal lá em cima. Tenho recordação da mente vazia de repente. Daquela sensação de certezas pequenas, aquelas bem pequeninas que podem valer a existência da gente.

Acho que, para sempre, sempre que subir por ali vou me lembrar desse dia. As vezes anteriores nem existem e mesmo que algo tão incrível, inédito ou inusitado aconteça por lá... Não vai dar para apagar aquela sensação de entrega à poesia vazia de palavra ou de toda e qualquer coisa, a poesia do passo comum de subir pela Ladeira da Memória. Sem motivo especial, sem preguiça, sem seguir a manada, sem pressa, sem glória, sem expectativa, sem paranóia, sem nada. Só o fagote com certeza me acompanhava. E a minha disposição de ser aquilo que posso.

Se havia outro detalhe, motivo, fundamento ou razão para esse texto, não sei. Isso foi tudo que pude me lembrar.

Circo Paraki

Este é um post para divulgação! Divulgação de um projeto bem bacana que tive oportunidade de encontrar por acaso na internet, apesar de ter sido contemplado na 'mesma lista' que o projeto APAC... eu simplesmente não havia me atentado muito aos outros projetos, fiquei mesmo mais focada em desenvolver o meu, mas como algumas pessoas que tiveram envolvimento com a escola também estão envolvidas na pesquisa delas - que é sobre... ah, a seguir passarei o link para mais detalhes! fiquem curiosos!

Muito bem, pesquisa vai, pesquisa vem encontrei um vídeo com a Amercy, que foi professora da escola, no blog do Circo Paraki. Claro que fiz um breve contato e, pesquisa vai pesquisa vem, combinei de encontrar o Palhaço Elétrico lá no Centro de Memória do Circo e, no dia combinado, ia ter a apresentação de um documentário! E, era justamente o documentário 'resultado final' da pesquisa delas... "Circo Paraki"

Gostei, assisti e recomendo! Ponho pilha mesmo e dou parabéns à Pricila, Mariana e também ao Rascov.
Imagino que agora com o filme pronto, ele deva passar mais vezes por aí então fica aqui o link para saber mais sobre o trabalho e de repente descobrir onde vai passar de novo!

circoparaki.wordpress.com


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

navegar... ah, navegar...

Isso aqui não é exatamente da pesquisa, mas tem relação direta com sentimentos, metáforas recentemente usadas e... é um trecho bonito do livro da Dirce Militello, "Picadeiro".

"Acho também, que quem entrou para o circo criando novas formas de apresentações, foram os marinheiros, que quando ancoravam seus barcos faziam exibições admiráveis. Alguns deles que saíram da marinha e queriam continuar numa vida que fosse semelhante, de passar um dia em cada porto, pensaram no circo. Só o circo poderia oferecer a mesma vida de emoções que o barco oferecia. Isto já foi conversado demais. Tanto que em muitos números existem aparelhos idênticos aos utilizados em barcos!
A escada de corda, os nós de marinheiro, as cordas, as armações e até mesmo no funcionamento, sem um lugar fixo para parar, o circo está sempre em trânsito como os barcos. O circo é realmente como um barco. Só que navega em terra firme. Até o temperamento destemido dos marinheiros é idêntico ao do artista de circo."

pp. 35,36

Saiba mais sobre este livro aqui!

da consistência

Geléia Geral... É legal?

Sem pensar muito, usei esse termo lá no blog 'oficial' para a categoria dos itens misturados, para agrupar um tudo-junto. Depois, fiquei com meus botões pensando se, em se tratando em de um projeto historiográfico, a coisa não poderia ficar meio confusa... E pensei uns dois dias seguidos nisso. Então... "Ah, vou trocar aquele nome, pronto." Mas nenhum outro me parecia tão gostoso e, até mesmo, apropriado. Me cabendo aqui a graciosa opção de explicar!

Primeiro, independentemente de significados outros, é sonoro e agradável. Além de gostar de metáforas, também aprecio bastante as aliterações. Fora isso, os termos são mesmo vivos. Falar "geléia geral" serve sim para remeter à uma mistura de coisas de qualquer jeito. Antes até da referência histórica e musical que marca o termo. Por isso foi adequado naquele contexto. Porque falava da mistura e da firmeza. A geléia é consistente e o termo também. E, de todo jeito, se formos à força tropicalista da coisa, continuamos bem. Assim, numa comparação (ligeiramente soberba) vamos lembrar que os tropicalistas ganharam o termo a partir de uma canção, um manifesto, do Gil com o Torquato Neto, inspirados na expressão do Pignatari, exatamente "geléia geral".  música, cinema, teatro, literalura. reviveram o modernismo antropofágico - que, inclusive, reverenciava o Piolin! - valorizaram a cultura popular e agiram, ativamente, pela renovação da arte brasileira naquele momento. Pois bem, o circo também é 'multi-artístico'. Como escreveu Ermínia Silva... são "múltiplas linguagens da teatralidade circense". E, no nosso caso, estamos falando também de uma renovação. Então. Geléia Consistente. Pronto, gostei.

sábado, 28 de julho de 2012

mapeamento

Muito bem. Antes existia somente esse espaço informal aqui para que eu pudesse me relacionar com meus desabafos e comentários sobre o andamento do projeto. Era bem fácil de entender como as pessoas teriam acesso à informações sobre o projeto. Só por aqui.
Agora, no entanto, além deste blog de caráter mais pessoal, o mundo virtual 'oficial' se abriu nos últimos dias. Dei três passos largos que já estavam sendo ensaiados há tempos: finalmente decidi a respeito da hospedagem do site e então, teremos um espaço simples e bacana, com uma cara personalizada, sob o domínio www.academiapiolin.com.br que está dando um trabalhão danado para fazer. Fazer tudinho. Uma belezinha. Mas não está pronto ainda. Me empolguei, criei uma fanpage no facebook - visite! facebook.com/AcademiaPiolin (aliás, pode ir lá curtir!)
E, como eu já havia decidido, principalmente porque desenvolver todo um site superdinânico dá bastante trabalho, fiz também um blog 'oficial' em outra plataforma academiapiolin.wordpress.com e já comecei a colocar algumas informações por lá.

Bem, mas preciso ser sincera, a gente planeja, planeja, mas só quando coloca a mão na massa é que vê como a coisa anda! Estou empolgadíssima e cheia de ideias e... cheia de papéis, documentos já digitalizados, outros para digitalizar, textos anotados, textos no computador, informações mais ou menos organizadas e mais ou menos muito misturadas. E, o mais maluco é que toda hora eu fico tentando me colocar no lugar dos leitores e imaginar se a organização da minha cabeça faz sentido. E começo a repensar as maneiras de organizar. Mas, chega! Aí pensei nisso, de me explicar um pouco por aqui e deixar explícito e explicado o meu mapa mental.

- fanpage :: destinada a divulgar na tão movimentada rede social a existência do blog oficial e do site que está sendo criado. tem o objetivo de ser um canal de comunicação e facilitar o contato. está ligada diretamente ao blog do wordpress então, será alimentada com as postagens de lá.

- blog 'oficial' :: colocarei lá todo material digital: transcrições das entrevistas, fotos, documentos escaneados, documentos transcritos, etc, etc, etc e mais o conteúdo que achar apropriado. todo conteúdo organizado por 'tags' e 'categorias' e com essas ferramentas básicas e bacanas de blog. bem, 'papelada' avulsa para consultas em geral... tudo lá!

- site :: é para ser bem simples e conter o conteúdo programado para ser produzido pelo projeto. Basicamente um texto sobre o próprio projeto, aqui mais detalhado, explicando a minha escolha pela história oral e como isso se deu, e um texto sobre a história da escola, mais detalhado também, provavelmente com imagens e tudo e com tópicos e algumas páginas. Só. E um acervo digital com pdfs das entrevistas transcriadas, que seria idealmente acessado pelo link do acervo friamente e também ativamente como 'capítulos' da história, do jeito que deve ser num projeto de história oral mesmo! O acervo também vai ter os áudios das entrevistas, talvez editados. E a lista completa dos materiais que serão entregues ao Centro de Memória do Circo, bem organizadinhos, mas de um jeito simples, talvez até em excel mesmo.

Esse blog continua em funcionamento para desabafos, metáforas, prestações de contas, resenhas, e tudo o mais que faz sentido indiretamente, mais para mim do que diretamente relacionado à pesquisa. Mesmo assim tem lá no blog 'oficial' um link de feed de RSS para os meus posts daqui. E já está funcionando. Não é legal?

E ai? Deu pra entender?

quinta-feira, 26 de julho de 2012

navegar é preciso?

Como cantou o Gil: "...barco que veleje nesse infomar, que aproveite a vazante da infomaré, eu quero entrar na rede pra contactar..."

A empolgação com a coisa internética está mesmo mais empolgante que nunca! Está certo que está tudo ainda bem bagunçado, entre conteúdo e forma e possibilidades e mãos à obra e... Para apaziguar a mente, me permiti um, digamos, 'junta-tudo' de ideias. Dessas misturas que eu gosto. Pensando e trabalhando aqui na parte www do projeto, fiquei pensando...

...sobre as navegações. Sobre a precisão das navegações. O que é viver num barco? Num navio? Só sabe mesmo quem vive. E o que é viver no circo? Para o circo? Pelo circo...

Aí me lembrei de uma coisa bonita que reli na semana passada e resolvi achar para postar aqui. Estava precisando de um momentinho de relaxamento no meio do trabalho madrugueiro. Leia o seguinte : "Um artista de circo, chegando em país estranho, só se sentira estrangeiro até adentrar um circo (...) Não necessita conhecimento da língua porque, se no picadeiro lhe atirarem um cabo, ele saberá para onde levá-lo, onde amarrá-lo e que nó ou laçada deverá ser dada. Nada o distinguirá dos demais..." (Museu do Folclore Edison Carneiro) Circo - tradição e arte. Rio de Janeiro, 1987. p. 12

Não é bonito? Há muita objetividade e precisão mesmo em certas coisas. Sim, há. E também muita emoção no fazer de cada uma delas. E ofícios carregam em si muito sentimento...

domingo, 10 de junho de 2012

a_cerca da memória !

Vou fazer uma picaretagem descarada aqui! Descarada e anunciada. Vou mesmo. Estou já avisando e explicando tudo para evitar más interpretações. Como eu sou do tipo de pessoa que esquece tudo... E esse tudo à que me refiro é muito mais do que se possa imaginar! Por ser assim, aprendi a ser organizada em certos aspectos práticos, principalmente nos estudos. Anotar tudo. Rever sempre. Não ter vergonha nenhuma em dizer que me esqueci e consultar... Enfim. Normal. Acho que muita gente é assim. Acho até que foi o meu esquecimento e a minha vontade de lembrar que fizeram de mim uma, entre outra coisas, historiadora.

Mas também, mesmo que esquecida, carrego minhas marcas. algo que permanece, questões com as quais nos deparamos um dia e que ficam de algum jeito sempre ali emboladas na gente. O que penetra, mesmo que vá direto para um espaço não-racional ou que não se amolde bem no geral cognitivo, fica ali sim, marcado de um jeito ou de outro. E, aliás, se é justamente disso que se trata: de memória. Do que lembramos e do que esquecemos

Então, eu estava enrolando um tempão pra discutir essa coisa da memória, acho um tema relevante. Claro! Relevantíssimo. Mas é 'pesadão'. Muita coisa pra eu dar conta. Talvez por isso tenha acontecido essa demora. Quase uma certa falta de coragem. Então eu me esforcei por motivos diversos e com intensidade desmedida nas semanas passada entre textos que tocavam também nesse assunto. Comecei a escrever esse texto aqui. Ainda não sei se ajudou ou só embolou mais um pouco... Mas tenho certeza de que a ferida ficou exposta, igual quando a gente arranca casquinha de cicatriz. Quando criei coragem e pensei assim: vou mandar provocações. As misturebas da minha cabeça. Vou arriscar uma metáfora, pois que entre as coisas que eu mais adoro na vida estão as metáforas! Arriscar uma metáfora e tentar construir essas reflexões, reflexos de/para provocações a partir da concretude de uma obra e da transgressão da significação natural das palavras, oxalá também das ideias.

A imagem a seguir é uma litografia de Marc Chagall, de 1963. The Wandering Musicians ou...
les musician vagabons, los músicos ambulantes (não sei se esse é o título em espanhol, é uma tradução livre) ou, enfim: músicos mambembes.


Sobre a imagem, observações subjetivas: são músicos e são mambembes. São três músicos palhaços, saltimbancos. A música marca muitas lembranças. Eu mesma lembro muito de melodias e letras de canções! Isso eu lembro, apesar de me esquecer de tanta coisa. São três músicos, veja só. O primeiro, me parece ser um percussionista e me remete ao momento acontecido, o fato passado, uma batida que marca. O segundo, violinista, poderia representar as voltas do pensamento, os processos internos entre o acontecido passado e o que se sucede até o momento presente. E o terceiro, com um instrumento de sopro, seria a narração acontecendo. Seria aquele fato percutido sendo contado, expressado. Uma repercussão assoprada. Está aqui meu arranjo metafórico para explicar que, no momento em que se escuta realiza a entrevista os três músicos estão presentes. E o violinista, ali no meio da história toda e no meio da nossa imagem com tamanho, contraste e destaque maiores tem mesmo esse peso. Mas uma contação só acontece com os três. E para ouvi-la atentamente há que se levar em conta essa operação. Assim se escuta a música da narração.

Sobre a técnica e as operações da memória: a litografia é produzida como um carimbo artesanal, assim, diferentemente da xilogravura por exemplo em que se escava um 'negativo' na madeira para então se imprimir o resultado que 'sobrou' em relevo, na litografia  se vai juntando os traços com uma resíduo meio gordurento, vai construindo o desenho no 'positivo' mesmo. Imagino que exista sim alguma forma de tirar também esse resíduo para limpar a base, mas é interessante pensar na construção da imagem, assim como a da nossa memória, como um acúmulo de informações. Só que, por ser como um carimbo, cada vez que se vai reproduzir essa imagem, dependendo da sua força e da pressão aplicadas, da tinta, do suporte enfim, de toda a situação, variações nos traços e no resultado final inevitavelmente acontecem. Exatamente como ocorre cada vez que lembramos, contamos ou recontamos um fato ocorrido, nunca vai ser lembrado igualzinho. Entre todo o acúmulo de informações que temos, pequenos detalhes escapam, podem se confundir os traços da memória, jamais será contado com as mesmas palavras e muito menos interpretado da mesma forma, posto que se imagina que alguém vá contar a história novamente para um interlocutor diferente. É claro que, mudando o suporte que recebe a impressão, o desenho parece o mesmo, mas o conjunto é outro! Mesmo que seja para o mesmo interlocutor. Mudando a situação, a história é a mesma mas algo se modifica. Mudando a iluminação, a obra é a mesma mas a percepção se altera. E, ouvir uma repetição é como quando se aprecia pela segunda vez uma imagem, certamente vai notar outros detalhes.

Creio que isso não signifique que seja necessário duvidar ferrenhamente de tudo. Mas duvidar um pouco sim. Sempre. Não necessariamente desacreditando, mas testando, criticando, observando pormenores psicológicos que falam para além do dito. Pois, no caso da nossa incrível e poderosa mente humana, além do fato de aglomerarmos muita informação e estarmos sempre reorganizando esses traços todos de algum jeito que eu não sei bem como explicar cientificamente e nem sei se alguém sabe... Além disso, nós imaginamos, sonhamos, inventamos, desejamos. As vezes podemos incorporar verdades que não foram nossas ou mentir tantas vezes que nós próprios podemos nos confundir entre o que é real e o que é ajustado pela memória. E, se fosse possível (ou quando é! por que não? é...) perceber como se dão e como se mostram esses desajustes e reajustes esta deve ser uma informação a mais para a interpretação de uma narração. Ao invés de ser uma 'perda', assim "ah, vamos invalidar isso, é mentira" bem, é possível pensar em "olha aqui essa mentira, isso está meio deslocado... porque será que está assim?". E esse pensamento pode nos levar para novas conclusões. Ou não.

Muito, muito mais pode ser dito sobre o assunto. Infindas elucubrações e sutilezas interessantíssimas para o estudo da história com depoimentos como fonte. Também para a psicologia, psiquiatria, neurologia e outras áreas que tratam do que acontece diretamente dentro do nosso cérebro, ou de como nos relacionamos, para cuidar do jogo entre o mundo interno e o mundo externo. Olha, é bem legal mesmo esse tema. Mais legal ainda é pegar o material e esmiuçá-lo pensando nessas questões. É um trabalho riquíssimo. E a coisa rende, viu? Gracias à Maurice Halbwachs, que inspirou bastante disso aqui. Nossa, mas ele trata de muito mais. Recomendável ler A memória coletiva dele. Fico por aqui. Esperando pelos ecos dos meus pensamentos virtualmente expressos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

as presenças do passado

Esta matéria foi publicada em 2005, na Revista Palco Aberto nº 7, que foi a edição de agosto/setembro do 2º ano da revista. Pra quem nunca ouviu falar dela, a Revista Palco Aberto é uma publicação voltada para a categoria circense, principalmente para malabaristas e artistas de rua. Mas sempre foi distribuída para toda a categoria circense. Sim, pois seu conteúdo era relevante para todos. E, apreciado também! Ah... era mesmo. Até onde me lembro, era bastante! Seu primeiro número foi publicado com data de julho/agosto de 2004 com distribuição gratuita. A revista tinha esse objetivo de facilitar o acesso à informação e por isso queria ser gratuita, então buscou apoio financeiro com anúncios de marcas de equipamentos circenses, escolas de circo e afins, circos em geral e até mesmo artistas independentes e festivais. A revista também  divulgava os encontros de malabares e as rota de convenções, espaços de troca entre os artistas e interessados nessa arte. Ela foi idealizada pela dupla de palhaços malabaristas e músicos Pistolinha e Petecada - Duico Vasconcelos e Antônio Marcos Pires Gil - e dois outros amigos que tinham uma gráfica... Desculpem não lembrar aqui o nome deles! Vou achar depois comento! Mas, claro que além deles muitos colaboradores colocaram pilha e arregaçaram as mangas para que várias edições fossem roteirizadas, escritas, editadas, diagramadas... Entre a concepção das idéias e umas necessárias madrugadas viradas. Eu, com muito orgulho, fui uma dessas pessoas. Colaborei como pude, claro. Mesmo porque, até onde eu me envolvi nisso, ninguém recebia nada pelo trabalho. Nada... Isso é tão relativo. Porque existia o romântico e impagável prazer de vê-la pronta! E a satisfação toda de ver a ideia acontecer. Acreditar nas idéias é realmente o que faz com que aquela frase seja uma grande verdade: "tudo pode acontecer!" antes mesmo de que alguma verba esteja envolvida. Grana às vezes é imprescindível ou as vezes nem é tanto. Mas sempre é uma questão... Eu, sinceramente, já não faço a menor ideia de como anda esse trabalho, se ainda tem revistas saindo, até que número foram publicadas, nada disso. Não sei mesmo. De repente, se descobrir, também atualizo nos comentários! Ou alguém pode atualizar!

Fiz essa introdução para contextualizar a publicação a seguir. Ela já foi citada com data e edição e etc lá no início, foi explicada e, enfim, está aí uma das minhas colaborações para a Revista Palco Aberto. Acho que a minha mais querida, pois foi uma crônica sobre esta pesquisa aqui, que só encorpou! Com colaboração da minha querida Ermínia Silva, que inclusive está fazendo, ou já fez por esses tempos, um documentário sobre seu pai com apoio deste mesmo prêmio. A Ermínia foi uma das pessoas que eu agradeci no projeto porque ela me ajudou bastante com questionamentos, idéias e motivação. E aqui cabe também um agradecimento à Verônica Tamaoki, que emprestou as fotos de seu acervo pessoal para ilustrar a crônica. Depois de tantas explicações, segue o texto!

(se quiser, clique na imagem para ampliar)

crônica: As presenças do passado, in Revista Palco Aberto nº 7, ano 2, agosto/setembro 2005, p.18.

    crônica: As presenças do passado, in Revista Palco Aberto nº 7, ano 2, agosto/setembro 2005, p.19.




quinta-feira, 17 de maio de 2012

como assim história oral?

Eu fico falando em entrevistas pra lá, entrevistas pra cá. Menciono o tanto que dá de trabalho lidar com as entrevistas e tudo mais, mas... O que será que alguém que nunca ouviu falar de História Oral vai imaginar lendo essas informações todas?

Primeiramente, é interessante darmos uma leve passada em algumas idéias que permeiam a História Oral. HO é diferente de 'oralidade' e é diferente de 'fontes orais' ou 'registros'. Imagino que quando as pessoas leem oque eu escrevo sobre as entrevistas elas devam pensar simplesmente que em um certo momento em sentei ali com alguém e gravei uma conversa e depois, sozinha, fiquei ouvindo a conversa e pondo tudo 'no papel'. A grosso modo. É quase isso. Mas é muito mais!

Existe um preparo antes da entrevista, bastante diferente do que se tem para uma abordagem jornalística por exemplo... E, eu, nas primeiras entrevistas, tinha planos e objetivos para a pesquisa, tinha perguntas pré-estabelecidas que não eram 'fechadas' e ainda assim tentei deixar o outro falar livremente. Mas eu não tinha tanta experiência... Tive vários tropeços, aprendi. Tantos em questões práticas, como lidar com o gravador, quanto em outras mais sutis, como em interrupções das quais me arrependi... ou, escolhas de local para a entrevista que não foram tão boas. Porque isso influencia muito!

Depois vem essa parte da transcrição. Um trabalho homérico para digitar tudo e um trabalho também grande, mas mais gostoso do que braçal, para fazer com que o transcrito tenha sentido de fato. Oras... porque momento é momento, áudio é áudio e texto é texto. Não existe cabimento em imaginar que se deva tratar tudo como o mesmo. Isso sem começar a pensar em como os textos das entrevistas viram um conjunto, como serão apresentados... Enfim.

Mas, uma das coisas que mais me encanta atualmente em HO é essa ideia de peculiaridade de cada suporte e do trabalho sensível, cuidadoso, de tentar fazer com que a intenção do discurso seja a mesma depois de transposta de um momento de verbalização da memória, um momento muito específico que é a entrevista, para um suporte em áudio ou audiovisual e então para o texto escrito. É muito óbvio que a diferença dos suportes muda drasticamente a percepção de quem receberá a mensagem. Ver, ouvir e ler... É muito diferente, não é mesmo? Por isso o processo de transcrição e as etapas de textualização e transcriação, ao meu ver, são quase uma trabalho artesanal desses em que você pega um conteúdo e coloca em outro molde e depois tem que lapidar. Lapidar palavras, pontuações, entonações para que tenham o mesmo espírito da coisa, ou o mais parecido possível, em cada uma das diferentes formas do registro.

Certo. Uma explicação rápida, só para deixar bem claro o que é o que! 
Transcrição é a primeira etapa. Com pouca interferência, digitar todo o texto falado. Literalmente a entrevista toda. Separando cada uma das vozes, do pesquisador e do(s) colaboradore(s). Fica um texto grande, geralmente bem complicado de ler, cheio de marcas orais que se estranham no papel. Bem, não deixa de ser um primeiro 'documento'.
Textualização seria um primeiro tratamento desse texto, a adaptação necessária para uma leitura mais fluída. Como o termo indica, você vai textualizar um registro oral, ou seja, dar um sentido para ele num outro formato. Assim, por exemplo: tirando marcas orais que atrapalham a leitura, omitindo informações repetidas, reorganizando o discurso de forma a adaptá-lo à uma estrutura mais adequada que o texto escrito exige, omitindo a voz do pesquisador ou assimilando, incorporando assim, comentários seus relevantes ao texto de uma forma mais agradável de se ler do que no modelo de texto de 'entrevistador/entrevistado', etc.  Nesse processo busca-se deixar o texto com um jeitão de narrativa, para que seja lida com mais facilidade e interesse. É como uma limpeza e organização do texto. Super necessária. As vezes é bom lembrar também das anotações feitas em campo e de outros elementos da entrevista, gestos, o que aconteceu durante o silêncio, que outras interferências influenciaram. Tudo isso é relevante.
Transcriação já é um pouco além disso. É, digamos, para os pesquisadores mais 'corajosos' ou 'atrevidos'. Aqui tem que se arriscar num campo quase poético, literário. E, sem medo de mudar o sentido da história contada, ao contrário, vai buscá-lo em sua essência e por isso se permite alterar palavras, tirar e incluir conteúdo, traduzir intenções subjetivas do colaborador... Uma coisa mais por aí...

E isso tudo é feito pelo pesquisador. Claro que esse pesquisador busca preservar a intenção do discurso, as flexões da voz, os tons de cada ocasião vivida na entrevista. Se for bem longe nisso, é realmente um trabalho muito específico no campo da literatura também. Sim. Porque é nesses detalhes da expressão que muito se diz, sem nada dizer. Daí a importância, a exigência ética, de se encontrar com o colaborador que concedeu a entrevista para que ele próprio leia, releia, verifique se ele percebe seu discurso ali, se ele se identifica e se autoriza e dá a validade [de sua voz] ao texto final.

Esse trabalho é delicioso. Eu adoro. É bom ouvir as entrevistas e revisar os textos depois também é ótimo! Apesar de que é verdade que a primeira transcrição é bem cansativa e demorada.

A grande maioria das colocações feitas aqui foram absorvidas por mim num curso que fiz no NEHO - Núcleo de Estudos de História Oral lá na USP no final do ano passado. Você pode conhecer mais sobre o NEHO e sobre HO no sítio do próprio núcleo. Existem outros centros de referência com trabalhos desse tipo como o CMU - Centro de Memória da Unicamp e o Museu da Pessoa, cujas metodologias talvez tenham algumas diferenças. Mas creio que, em essência, o trabalho carrega muito da mesma labuta.

Só tem mais alguns poréns aí. Até agora eu falei pensando no que se define na História Oral, principalmente na aplicada pelo NEHO. Mas não me considero uma 'fiel' seguidora desses preceitos. Principalmente porque, quando fiz as entrevistas, apesar de já ter lido o Manual de História Oral do J.C. Sebe, eu acho que olhava sim, um pouco, para o momento da entrevista como quem procura gerar um material que fosse objeto de pesquisa, não uma 'voz' principalmente. Falta de experiência? Pouco conhecimento da área?Pensava a memória de quem narrava bastante descolada da ideia de história, com muitos questionamentos. E, sinceramente acho que ainda penso. Me importo tanto com a análise quanto com a utilização das 'vozes'. Acho que uma reflexão a respeito do assunto e dos contados é necessária e é parte integrante do meu projeto. E, também, hoje ainda vejo as entrevistas com as duas finalidades: a da voz do colaborador como ator da história viva, cujo trabalho textual para transmitir tanto prezo, e como objeto de reflexão para análise de outros conceitos, em diversos campos de conhecimento. Bem, a HO pressupõe mesmo uma interdisciplinariedade... Mesmo assim, mesmo já tendo estudado mais e estando trabalhando e pensando muito em tudo isso, ainda assim, me pergunto, por exemplo, se em certos casos não seria útil ao pesquisador ter acesso tanto ao texto final (textualizado ou transcriado) quanto à transcrição original. Isso pensando numa amplificação do trabalho. Pensando em fazer com que o meu trabalho possa ser potencializado por outros! Desde que tendo claro suas balizas e considerando e respeitando a origem e finalidades primeiras dos depoimentos, claro.

No projeto enviado à Funarte, faço referência à documentação de fontes orais e à formação de um banco de dados. Esclareço que aqui que usaremos, da maneira mais adequada possível, a 'metodologia' da HO.  Mas confesso até nem ter muita certeza se meu trabalho é, como eles definem, híbrido - posto que considero o uso de outras fontes físicas (textos, matérias jornalísticas, iconografia) ou se é um trabalho temático, pois tem um assunto específico que permeia e delineia o todo. Acho que a HO é fenomenal no meu caso. Essa forma de lidar com a oralidade é muito adequada e muito boa mesmo. É quase um disparate o que eu vou dizer, porque o trabalho com HO não pode ser visto como um 'só isso' nunca! É um trampo de muita responsabilidade e que eu admiro. Que eu busquei, me identifico e procuro compreender mais. Enxergo como uma forma específica de produção de conhecimento, sei que é apesar de 'jovem' a HO tem uma trajetória de desenvolvimento respeitável... Mas, não encontro forma melhor de expressar minhas inquietações sobre onde eu me enquadro nisso tudo  a não ser dizendo que: eu acho que é muito disso, mas não é só isso...

Fato é que estou me guiando, principalmente na relação com as entrevistas, pelos nortes da HO, sim. Mas acho que tudo isso talvez ainda esteja em função de desejos de mais! E um algo mais ainda indefinido. Desejos, inclusive, colocados nesse projeto enviado à Funarte, de que o trabalho que terminará uma etapa em agosto - com as entrevistas e documentação organizadas, e um texto sobre a escola, etc. seja um fim em si de todo um processo iniciado lá em 2002 e seja um início para mais estudos sobre o tema. 

domingo, 13 de maio de 2012

meses III e IV + necessária revisão de cronograma

Hoje é dia 13. Domingão, é dia das mães, dia da "libertação" dos escravos e ainda é aniversário de um primo e de uma grande amiga! E... além disso, dias trezes todos, desde o início do ano, têm sido pra mim dias de olhar os acontecidos e avaliar o trabalho com o projeto e seu desenvolvimento. Assim, aqui estou, depois de um mês de abril um pouco atabalhoado, para compartilhar minhas análises dos últimos dois meses. Muito bem.

Fazer uma revisão do cronograma é necessário, acho que imprescindível, nesse ponto do projeto. É claro que é muito bom quando tudo anda no tempo exato dentro do qual nos planejamos. Mas é quase inevitável que o cotidiano e suas várias situações, principalmente do trabalho em si, interfiram nesses planos originais e, então, alguns ajustes têm que ser feitos. Bom é que estou fazendo esse balanço geral constantemente e com cuidado e mesmo sabendo que tem um trabalhão ainda pela frente, está tudo nos conformes.

Estamos findando o quarto mês, então vou avaliar aqui o terceiro e o quarto juntos ponderando o que está feito até agora. Assim, temos pendências e andanças. Fluindo.

- Pesquisa em acervos, documentos, texto e imagem :: ok. E sigo realizando, como planejado. Alguns lugares ainda terão que ser visitados, mas está dentro do cronograma certinho. Tenho mais um mês e tempo sobrando para se precisar de mais.

- Divulgação pela internet :: já está de certa foma ok Rolando desde há tempos! Ainda não fiz o tópico de "convite à participação de todos", se bem que mencionei isso aqui, o que já serve. É, não o fiz porque tenho dúvidas de como exatamante eu gostaria que as pessoas recebessem esse convite. Na verdade, é algo do tipo dizer que eu estou aberta ao diálogo e aberta a toda iniciativa de colaboração e interferência no trabalho. Mas quando a gente fala as coisas assim aberto demais, geralmente parece um pouco confuso... Eu sei, tenho uma certa experiência nisso. Isso era uma coisa. Mas de qualquer maneira tenho aqui esse blog de bordo que está dentro da proposta.

- Leituras :: ok. direto! E também sigo lendo.

- Contatos sobre divulgação da pesquisa na internet :: super ok. Já tomei uma decisão acertadinha de criar um outro blog, mais oficial, com outra cara, outra estrutura e tudo e colocar tudo assim. Da forma mais fácil possível. Até vou verificar se vale a pena comprar um domínio essas coisas... Porque facilita, né? Facilita para a pessoa lembrar e tudo. Mas vou verificar a viabilidade e o custo disso. Coisa que não está prevista no projeto. Está previsto publicar e eu ponderando achei que um blog além de dar conta é independente, pode ser divulgado em vários lugares e tudo. E pronto. ok.

- Entrevistas :: são o meu "carro-chefe" e é bem onde mais coisas estão complicadinhas. Vamos lá, deveria ter começado as entrevistas com os três ou mais dos 'novos' colaboradores. No entanto, seria uma loucura fazer isso sem ter feito, no mínimo, a devolutiva para os que já me concederam entrevistas. Pelo menos para alguns! Até porque essa devolutiva me dará direções para condução das próximas. Também já deveria estar terminando as devolutivas, coisa que nem comecei. Mas isso é porque estamos fazendo os textos das 'antigas' com  um pouco mais de trabalho do que o imaginado e atuando também numa dinâmica diferente do que o planejado. Acho que já mencionei isso aqui em outra postagem. Mas, sinceramente, tive uma fase de ansiedade grande com esse 'atraso', só que já passou. É muito melhor fazer bem feito e com a calma, que eu posso ter ainda nesse momento, do que já sair correndo desarvorada e correr o risco de deixar escapar preciosos detalhes que farão diferença lá na frente.

Dito tudo isto, apresento minhas expectativas para o próximo mês, pensando o presente momento. Vou iniciar a elaboração de texto histórico e crítico acerca do tema proposto, e texto de apresentação formal do projeto, suas finalidades, etc, para o site. Em relação à pesquisa, pretendo visitar o cervo do Centro de Memória do Circo e da Secretaria do Estado da Cultura. Então vou verificar se acho isso lá na Secretaria mesmo ou no Arquivo do Estado. Sobre as entrevistas, devolver e arrematar dois ou três das 'antigas' e tentar fazer uma nova, ou pelo menos marcar. Além disso, entrar em contato com os três ou mais possíveis novos colaboradores me deixaria já mais tranquila. Pois, apesar de ter algumas pessoas em mente, só entrei em contato com uma delas. Também quero colocar uma disciplina maior aqui nesse blog e começar a estrutura do oficial. Quando digo mais disciplina aqui me refiro a mais postagens; uma frequência, pelo menos, semanal; deixar saírem todas as idéias que rascunhei, compartilhar ainda mais meus pensamentos e sentimentos. Enfim, será que eu consigo? Vamos ver. Daqui um mês olhamos de novo, assim friamente, e reavaliamos tudo isso! Segue o barco. Continuo trabalhando bem feliz.

Valeu geral, Feliz dia das Mães e felizes dias todos pra todos nós!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

saudade, consternação...

Finalmente terminada a minha parte de transcrições por completo! Total e cem porcento. E termino cá pensando: por onde andará o Betinho a essa altura? Pois é... Porque além da entrevista dele ter o áudio complicado, tem esse fator meio complicante pra mim, pois eu não sei porque razão, me parece que eu posso encontrar dificuldades em localizá-lo. Será que ainda está na Barra do Sahy? Que tamanho devem estar seus filhos? Aí bate uma saudade, uma coisa esquista dessas que a gente tem com a morte. Quando conheci ele lá no circo, a gente tinha ido com o Prego, com quem não posso mais falar. Então, terei que garimpar o contato!

Ah! Mas vai valer tanto a pena. Para todos nós! A entrevista dele carrega lembrança de momentos vividos por ele, e também por mim e mais alguns amigos. Foi a única vez que fiquei numa 'temporada'. E isso talvez tenha sido muito pelo destino, pra me colocar na frente daquele moço, o Betinho. Um achado! Único aluno da Piolin que eu entrevistei que era de família de circo. Talvez ainda encontre mais algum, mas acho bem difícil. Caramba e ele dirigiu a pampa pra me levar pro pronto-socorro de Boiçucanga pra levar ponto, foi meu anjo aquela noite ele. 8 pontos. Cadê você agora hein Betinho?

Consternação. Porque... puxa, a entrevista dele tinha um tanto disso. Ah, está bem, vou ser um pouco linguaruda. Me lembrei de uma situação chata de fofoca bem do mal que rolou comigo uma vez e que me deixou tão chateada. Nossa acho que nunca falei sobre isso com ninguém além de quem me contou sobre a fofoca pra me alertar. Agradeci, pus uma pedra ali mesmo. Magoei. E de certa forma, acho que isso pode ter virado uma bola de neve e até hoje tem pendência mal resolvida, de verdade. O que me fez lembrar desse fato foi a seguinte fala do Beto: "ops!" Brincadeira... Só pra explicar, é que não estaria certo divulgar trechos da entrevista antes de falar com o colaborador, por isso mesmo mudei bastante as palavras. Só deixei entre aspas pra dar o clima. "Então segunda era dia de ir no Café dos Artistas. Mas o Café foi parando. Começou a ter distância. Não tinha a força de vontade que tem aqui. Era um falando mal do outro, que o outro roubou..."

Ainda bem que, pelo que me parece, hoje a tradição do Café está se fortalecendo novamente, fruto do trabalho, dedicação e articulações de muitos! Mas que coisa estranha né? Eu me mexer com isso. Obviamente, tem muita gente boa por aí e muita gente 'mala', como em todo lugar e toda profissão. E eu não tenho nada contra ninguém, muito pelo contrário, adoro todo mundo. Não guardei a mágoa. Desejo bem. Bom, brilho, sucesso, prosperidade e muito chão geral! Mas até hoje, mesmo acompanhando super pouco, muitíssimo menos do que antes, os e-mails e os debates nos grupos de discussão de circo, vira e mexe vejo umas nesguinhas de gente se maltratando. Coisa desnecessária. Era justamente disso que ele reclamava, doque não une, não acrescenta, não gera... O Beto falou tanto de força de vontade, dinamismo, coisas boas que ele via na juventude, e criticou um bocado as posturas dos encostados na vida... enfim. Bobagem né? Talvez não. Mas é fato que desse ponto da entrevista pra adiante eu senti mudanças no tom de voz, na intensão dele. Ou na minha audição e percepção? Se bem que transcrevendo ali a gente presta atenção, mas também se entrega muito ao braçal, então reflete menos. Não sei explicar, mas me chamou a atenção, me trouxe várias situações à mente. E, fato: claro que isso não é coisa de circo não, é em todo canto.

Vamos voar pessoal. Salve-se quem puder! E voemos!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

sobre as trasncrições mil ! da primeira etapa

Fiz um balanço no início da semana sobre o trabalho com as transcrições e, apesar de estarmos um pouco atrasadas em relação ao cronograma, tive orgulho do trabalho, da equipe, de tudo! A gente só percebe a consistência mesmo quando poe a mão na massa! E foi exatamente isso que aconteceu. Seria inviável fazer como eu pensei a princípio. E, olhando para o feito agora, vejo que está bem feito.

Está certo, não foram mil. Foram nove "apenas". Algumas com uns 40 minutos, algumas com duas horas. Todas cheias de intensidade. Histórias de vida, de paixão, de amor e forte envolvimento com a arte, com o ofício, com os laços tantos os familiares ou sanguíneos como os construídos pela convivência na vida. Impossível não me emocionar em tantos e tantos momentos. Tanto pelas memórias em si relatadas e registradas quanto pela minha lembrança sobre o momento de realização das mesmas.

Há algumas semanas atrás, sentia que era fugaz a aproximação do momento de entrar em contato com os entrevistados para as devolutivas, está tudo encaminhado. E é mesmo assim! Quando eu planejei o projeto achei que seria ideal ir procurando as pessoas conforme as entrevistas fossem ficando prontas. Mas nesse desenrolar, percebi que melhor seria dar um acabamento refinado, tratar os textos com o máximo cuidado e carinho, investir energia para finalizar essa etapa das transcrições completamente e só então procurar encontrar os donos da voz. Assim está sendo.

Apenas mais duas entrevistas estão sendo acabadas, duas danadas que ficaram com problemas de áudio que prejudicaram significativamente sua transcrição. Mas estamos contornando os obstáculos e fluindo. É bem isso.  O trabalho tem seu tempo próprio de fluxo. Por questões técnicas como essa, por questões afetivas como o envolvimento com a narrativa. Porque as vezes a gente se desconcentra mesmo do trabalho ali, da digitação toda, e se deixa levar pelo contado, se deixa envolver. E lá se vão escorrendo mais e mais preciosos minutos, e o trabalho fica deliciosamente mais moroso. Sendo ao mesmo tempo intensamente mais aproveitado. Tenho certeza que tudo isso vai se converter numa facilidade maior para conversar, retribuir, concatenar as idéias, organizar a apresentação, escrever. etc... É claro!

Pois é, também andei pensando no site, ponderações, idéias. Agora que as entrevistas estão quase todas prontinhas e quentinhas! Já está bem mais claro e mirabolado aqui de que forma vou colocá-las à disposição! Oba!

ccsp :: arquivo multimeios e hemeroteca

Entre a semana passada e essa fui pesquisar no Centro Cultural São Paulo. Comecei essa parte da pesquisa documental por lá por ser na frente da Escola Municipal de Música. Fato que facilita bem algumas coisas. De transporte principalmente. Na verdade, eu fui nessas visitas retomar a minha pescaria nos acervos de lá, pois já tinha aqui várias anotações sobre os documentos do acervo que me interessavam, algumas cópias de documentos e tudo. Só não tinha avaliado tudo ainda. Assim, li lá com calma e como deve ser. Foi isso que fiz.

Pesquisei a maioria do material no Arquivo Multimeios. Fui muito bem atendida pelo Edney e pelo outro moço também. Agora só falta ir lá levar uma cartinha pedindo autorização para copiar alguns textos que eu achei que vale a pena ter cópia e esperar eles darem um ok, etc. Mas, tudo certo! Outro lugar que eu pesquisei foi a Hemeroteca, que fica dentro da biblioteca de lá. Aliás, a biblioteca do Centro Cultural é fenomenal. Pelo menos a parte de arte é. Tem muita coisa entre livros e periódicos. Me fez brotar mil vontades e ideias ali. Mas, sobre a hemeroteca, teve um caso curioso. Foi bom e tudo, xeroquei várias reportagens úteis. E fiquei sabendo que todo o acervo dos recortes de jornal por tema sairá de lá, que isso já estava decidido em reunião! Foi assim, a moça que me atendeu disse, quando eu ia devolvendo as pastas depois de fazer anotações: "Ah, mas venha logo terminar sua pesquisa!" e disse com uma acentuação de quem diz que aquilo tudo pode não estar mais ali em poucos dias. Puxei mais assunto. Pois e não era isso mesmo? Era.

Então fiz o que pude, o que achava que deveria fazer, para 'salvar' o material de circo de um eventual, todavia possível, descarte. É porque eles disseram que não sabiam qual seria o destino do material, somente que com certeza ele ia sair de lá. Que estavam procurando lugares interessados em receber o acervo e tal, mas... Liguei, mandei e-mail dizendo que poderia ficar com o material ou que procurassem direto o Centro de Memória do Circo. Naquele dia eu agi como quem quer fazer uma boa ação mesmo. Principalmente preocupada com o destino do material. Só sei que no dia em que eu entrei em contato decidiu-se que iam lá pro CMC. Não sei se por causa da minha iniciativa ou se já havia um contato e eu só pus energia no negócio. Pode ser que sim, pode ser que não. Tanto faz. No mínimo, sinto que fiz minha parte. Seja de fato ou seja só pela intenção. Me alegrei pensando que ajudei a salvar duas pastas da hemeroteca do Centro Cultural São Paulo. As bonitas 209A e B. Cujo tema é, obviamente: Circo.

Sem falar que esses dias de pesquisa por lá foram deliciosos! Dei risada com vários textos. Me diverti. Recobrei o meu gosto pelo papel velho, pelo cheiro de poeira, pelo material de memória dura. Eu gosto disso! Gosto de Circo, gosto da História, gosto de estar fazendo isso tudo. Que gostoso! Fiquei bem empolgada.

terça-feira, 27 de março de 2012

e feliz de noite...

Ainda não dormi. Então, ainda é o Dia do Circo! Engatei falar de coisas objetivas e práticas sobre o projeto, ou de coisas "sérias" do projeto.. Minha última postagem foi pra me redimir de um erro de historiadora... ah, mas...vira e mexe o sangue da gente ferve e alguma coisa grita do fundo da alma. Querendo pular pra fora. Estive trabalhando no projeto durante o dia e, como foi dia do circo, também fiquei mexendo em fotos... revirando pastas antigas... Estou já há algum tempo afastada das pessoas. Não totalmente pois as redes sociais estão aí pra gente manter o contato atualizado e as notícias em dia, mas muito afastada fisicamente. Das pessoas e da prática. Faz falta. Me bateu uma nostalgia danada hoje. Uma saudade arretadíssima. De tanta gente. De tanta lembrança boa. Minha meta de conseguir jogar cinco bolinhas persiste. Coisa que eu acho que já devia saber fazer faz tempo. Mesmo nunca tendo me 'assumido' malabarista... Muito bem, a meta persiste até o dia em que eu conseguir, com certeza! Mas confesso que acabadas as férias eu larguei de treinar. Todo o tempo estou aqui às voltas com o projeto ou estudando com o meu fagote. Não sei aonde esse fagote vai me levar, mas é inegável que ele está muito ligado à minha verve circense. Não deve ter sido à toa que, depois de alguns anos afastada do circo, fui absorvida pela música. E a música tem me salvado da insanidade. E eu fui justamente me apaixonar com desproporcional profundeza pelo magnífico e peculiar instrumento que é mais conhecido como "o palhaço da orquestra". Coisa que só vim saber depois que já estávamos totalmente entregues um para o outro. Eu para o fagote e ele para mim. Pois é.

Mas meus ombros sentem falta de sentir todo meu peso, meus pés têm saudade do pulo, meus olhos precisam de um horizonte invertido de vez em quando... psoas, ilíaco, adutores, abdutores, todos reclamam comigo de vez em vez. Mas no fim das contas todo munda acaba entendendo. Como eu entendo. Que as coisas têm seu tempo e seu momento. Que a gente nunca deixa de ser aquilo que a gente é. Quando essencialmente somos. É ser ou ser e não tem como escapar. Acho que é por isso que esse projeto está vivo e acontecendo. Porque as mudanças acontecem, mas eu sigo sendo. De circo, do circo, pro circo, pró circo! Pra sempre. E como é que eu poderia deixar na gaveta todo o material que recolhi? Todo o questionamento que fiz às pessoas e à mim mesma? Como é que eu poderia deixar de lado um projeto tão rico? Não, não. Não poderia... Nem conseguiria eu acho porque ele permaneceu ali latente, nunca esquecido.

Hoje, mesmo não sabendo que futuro poderá ter todo o material que estou organizando, tenho certeza de que o meu maior objetivo com o projeto é o que mais faz sentido: compartilhar,divulgar, promover, fomentar, provocar. E isso é direcionado para os outros prioritariamente. Assim, para o mundo, mas também para mim! Para me rever. Reviver de alguma outra forma. Está acontecendo mesmo. Muitas reflexões estão acontecendo em mim. Hoje com esse dia nostálgico então... E só a partir desse remeximento meu é que vou poder tocar os outros. É claro. Mesmo já sendo de noite. E como eu ainda não dormi, digo de novo :: Feliz dia do Circo!

Feliz Dia do Circo!



terça-feira, 20 de março de 2012

mea culpa

Que pecado mais mortal pode cometer um historiador do que deixar a citação de uma fonte de escanteio, como objeto de relevância menor?! Pois foi o que fiz logo no inicio do post 'justificativas'. E cometi uma falha duplamente grave. Como historiadora e como respeitadora do trabalho de uma querida amiga. Em primeiro lugar, explico: na ocasião da postagem eu dei uma resumida geral da justificativa do projeto, para tornar a leitura mais dinâmica. Só percebi que fiz besteira quando alguém leu aquele conteúdo e me perguntou "Mas quem é essa Ermínia?" Reli e me dei conta de que havia suprimido coisas demais em nome dessa velocidade internética... Pensando na fluidez da leitura, reduzi parte do conteúdo ao quase simplório.

Agora, como retratação, segue a citação completa que figurava na minha justificativa enviada à Funarte.

"Ficava cada vez mais claro, pelos depoimentos, que uma determinada forma de viver no circo estava desaparecendo, e que um outro circense estava nascendo. [...] constatação quase unânime, tanto por parte dos circenses, quanto da bibliografia sobre o circo, de que houve uma ruptura nessa transmissão [de conhecimentos], que resulta em um "novo" circo, com outro tipo de relação de trabalho." Ermínia Silva, O circo: sua arte e seus saberes. Campinas, 1996. p.5

E, respondendo a pergunta do referido leitor: Ermínia é Doutora em História Social da Cultura pela Unicamp com a Tese de Doutorado: As múltiplas linguagens na teatralidade circense. Benjamim de Oliveira e o circo-teatro no Brasil no final do século XIX e início do XX, fevereiro de 2003. Essa tese foi publicada como livro posteriormente. Em 2007, se não me engano. E a citação mencionada acima é do seu mestrado, também defendido na Unicamp. Eu tomei contato com o trabalho dela por causa do meu interesse nessa pesquisa. Depois tive oportunidade de trabalhar com ela no "nec - núcleo de estudos do circo". Esse núcleo foi fundado por duas estudantes da Puc, que também se relacionavam com essa linguagem circense, a Fabíola Salles e a Juliana Porto. Como a proposta era boa, a coisa cresceu e agregou mais pessoas, como eu. O "nec" durou o suficiente para aprendermos muita coisa, realizou ótimas palestras, tanto na Central do Circo como no Espaço Piolin, na Galeria Olido, onde hoje funciona o Centro de Memória do Circo. Ali pertinho do 'café dos artistas', sabe? É, o "nec" durou o que tinha que durar e me permitiu conhecer a Ermínia! E muitas outras pessoas supimpas.

Agora, já que coloquei aqui uma pequena citação de uma mulher que figura entre as precursoras brasileiras na pesquisa sobre o circo, escolhi mais duas mulheres importantes para esta pesquisa e vou apresentá-las aqui com citações.

"Hoje, as escolas de circo têm a função de transmitir esses conhecimentos, devido à desagregação de várias famílias circenses, causada por fatores políticos, sociais e econômicos da sociedade moderna" Eliene B. A. Costa, Saltimbancos Urbanos – A influencia do circo na renovação do teatro brasileiro nas décadas de 80 e 90.  Tese de doutorado apresentada ao Dpto. de Artes Cênicas da ECA - Universidade de São Paulo, 1999. p.21

Essa tese foi um dos primeiros materiais que li lá na Eca, quando comecei a pesquisa. E, em seguida, ainda nos primórdios de minhas buscas, achei por aí um pequeno livro de capa azul, com cara de antigo, escrito por uma circense, que me fez perceber uma coisa que eu não havia notado antes. Os fundadores da Academia Piolin, não esperavam criar um novo perfil de circenses, mas cuidar de dar formação aos filhos de circenses que já não apreendiam as vivências necessárias para a formação de um artista. Cuidar da arte em si, simplesmente. Percebi essas expectativas lendo o seguinte: 

“Os circos pequenos da periferia devem ser insistentemente atendidos. (...) Os filhos dos artistas devem ser insistentemente convidados para participarem do movimento de incentivo profissional." Dirce Tangará Militello, Picadeiro. São Paulo: Edições Guarida Produções Artísticas, 1978, pp. 7 e 86.

De lá pra cá, muita mais foi lido, relido, esta sendo revisto novamente e... Claro, esse post foi mais pela retratação do que pela reflexão. Mas breves citações as vezes já servem para colocar uma pulguinha atrás da orelha. Obrigada a todos, sempre, pela atenção e compreensão. E, nesse caso, obrigada especialmente à todas e todos que deixaram marcas no caminho para que eu as observasse em algum momento!

sábado, 17 de março de 2012

mês dois!

Exatos sessenta e quatro dias em andamento! E a cada dia cuidando de mais algum passinho.

- revisão de literatura. ok! em pleno andamento
- finalizar as 10 fitas - estamos quase quase!
- ligar assim que cada entrevista estiver transcrita e revisada para marcar a devolução com os "antigos" entrevistados - bem, estamos no "quase quase" de todas as entrevistas mas nenhuma delas está totalmente completa e pronta, ou seja, esse objetivo do mês não rolou... mas como a idéia era:
- procurar realizar 3 ou 4 devolutivas neste segundo mês, isso significa que o objetivo acima não rolou só 50%, não é mesmo? O que significa também, que vai precisar de um gás nisso mês que vem!
- num primeiro momento, divulgar seus objetivos e informar que, os interessados no tema são bem vindos à dialogar e colaborar com o desenrolar do projeto - creio que este blog dá conta de parte desta tarefa mas ainda é preciso, agora que ele está com algum conteúdo significativo, divulgar mais e mais!

Portanto, preciso criar um post especial de boas vindas e explicações para todos os interessados!
E, fora do planejado, mas dentro do necessário, também estou fazendo a revisão do cronograma e temos a previsão de uma  "reunião de equipe" semana que vem. E vamos levando!

segunda-feira, 5 de março de 2012

justificativas

“A partir das décadas de 1960/70, a produção do espetáculo circense e do próprio circense em si, passam por transformações. A proposta de espetáculo foi se alterando.” como relata Ermínia Silva. Por isso, procurar descobrir essas alterações se relaciona com o reconhecimento da identidade do circense atual, como foi se alterando, numa cíclica reconstrução com seus desdobramentos. Uma análise bem colocada sobre a trajetória de nossa primeira escola de circo pode nos contar muito sobre o que as técnicas circenses promovem e têm de 'especial' e específico, e estão tendo e promovendo hoje, amanhã, enfim. É exatamente esse questionamento que levo ao curto passado: Como surgiu e a que veio a Academia Piolin?

Atualmente, as escolas de circo ganham cada vez mais espaço e mais respeito. Analisar a primeira escola fundada oficialmente no país é pensar sobre a história da formação dessas escolas, tão diversas em seus objetivos e ações, e permitir que as futuras realizações se apoiem no conhecimento que o passado, e a nossa atual reflexão sobre o passado, pode nos proporcionar. Para que, posteriormente, este material possa ser conhecido e analisado com profundidade ele precisa estar disponível. E, a partir da formação deste acervo específico sobre a Academia Piolin de Artes Circenses, outras e mais pesquisas poderão ser feitas. Um trabalho mais profundo certamente extrapolaria o tempo de realização deste projeto, por isso o foco principal aqui será o de realizar as entrevistas e buscar mais material para que, a partir daí, fomentem-se os estudos sobre as artes circenses.A pesquisa também irá vislumbrar questões sobre educação e inclusão social, afinal trata-se um centro educacional artístico. E ainda, uma análise sobre as diversas linguagens artísticas como a dança, a música, o teatro entre outras variedades, e como elas estão inseridas no contexto das aulas da Academia Piolin, por estarem presentes no circo.

O trabalho de resgate e registro é de vital importância para que se possam realizar estudos históricos sobre temas que tem poucas fontes. E, tendo em vista a escassez de material disponível sobre a arte circense, especialmente sobre a Academia Piolin, documentar devidamente as memórias pessoais através da oralidade é uma das únicas maneiras de promover o acesso à uma história que não se apresenta registrada em outros meios. O material que será levantado é norteado por questões relativas à Academia Piolin de Artes Circenses e sua história. Todavia, também gerará material para temas correlatos nas áreas de pedagogia e antropologia, por exemplo, além do caráter historiográfico aqui proposto. Permitirá ampliar a reflexão sobre a regulamentação profissional do circense, tanto de artistas quanto de mestres. Ainda, sobre a grande difusão de técnicas e informações que se coloca na atualidade, as mudanças no mercado para os circenses, e tantos distintos temas. E é por isso que está sendo realizado este projeto.



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

sonhos a vapor

É certo que hoje em dia o vapor é uma tecnologia para lá de ultrapassada! Mas, para certos tipo de trabalhos ainda se vê por aí fumacinha saindo das cacholas. Hoje é 29 de fevereiro. Data rara. E eu não poderia deixar de ponderar alguns poréns por aqui neste dia bissextamente ímpar!

Estamos então depois de viagens próprias, já no pós carnaval, as três marias-fumaça seguindo no ritmo devido e dando andamento para finalizar a primeira etapa das transcrições com capricho. Agitando audição, digitação e comunicação. Achando já uns deslizes pedrinhas no caminho. Empenho. Empenho. Empenho gira o engenho. Empenho do vento, do pensamento. Do esforço neurônio e braço. Dos sonhos etéreos tornados matéria bruta. Trabalho, labuta. De vapor e fumaça.

Agora é só por mais lenha na caldeira e seguir nos trilhos do planejamento. Preparando a primavera e preparada para possíveis estações desconhecidas para vislumbrar pelo caminho. Esse post foi apenas um desabafo do bem, um comentário animado no meio aqui das minhas transcrições à mil. De vapor sim, porque transpira. Mas a locomotiva é supersônica!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

o primeiro mês

Neste dia 13 de fevereiro, aniversário de 12 anos do meu primo Artur, fez aniversário também, de um mês, o início dessa fase do projeto! Venho aqui contar das coisas que aconteceram durante esse mês e assim, deixar as novidades atualizadas.

Refiz os orçamentos para digitalização das fitas com as entrevistas que já estavam feitas e acabei contratando o Doni, da empresa Mastermídia. Fiquei surpresa, de um jeito bom, quando descobri que o estúdio deles funciona junto com uma rádio e outras várias coisas dentro da 'sede B' da Seicho-No-Ie. Legal, né? No dia de buscar as fitas e os cds prontos até tomei um café lá com ele. A comunicação durante todo o processo foi muito boa, mesmo sendo essas coisas sempre um pouquinho enroladas de qualquer jeito... Interessante. Além de ser um ótimo contato para se eu precisar desse tipo de serviço de novo ou de edições nas gravações, é camarada. Profissional de confiança. Recomendo.

Oba! Ontem todo o material ficou finalmente pronto e hoje já estava nas mãos das minhas queridas Fernanda Moraes e Marcela Boni que vão trabalhar comigo nas transcrições e textualizações. Timaço! Tive uma reunião com cada uma ao longo desse mês, ambas super produtivas.

A Fernanda é minha colega de faculdade, interessada também nos temas relacionados à História Oral. Gosto dela como pessoa, como profissional e tudo mais. Já trabalhamos juntas no Procam, lá nas Colméias, há anos atrás. No dia da reunião a gente conversou no mínimo umas duas horas só sobre o projeto, ela leu tudo, discutimos objetivos, necessidades, idéias. Eu já havia trocado informações antes sobre o que estava fazendo em relação à isso e a Fê parecia disposta e parecia muito adequada. Foi só um momento para ela se situar e decidir definitivamente se entrava no barco ou não. Decidiu que sim com alegria. E foi até bom para mim também, reler e revisar tudo assim, compartilhando e pensando junto com alguém logo no comecinho das ações.

A Marcela é coordenadora e "residente" do Núcleo de Estudos de História Oral. Já fez o mestrado, trabalha com isso, e pelo visto não vai parar mais! Ela me deu uma mãozinha fundamental na época em que mandei o projeto para a Funarte, quando eu fiz o curso lá com eles no NEHO. Fundamental mesmo e muito motivadora. Incrível a Marcela, quando eu descobri que ela já tinha dois filhos, um deles praticamente recém nascido, e andava pra lá e pra cá com todo o pique, nossa, me admirei! A reunião com ela foi de uma horinha só... Fiz esclarescimentos, combinamos as coisas e acho que ela me disse tudo o mais que eu precisava ouvir naquele momento! Detalhes práticos do trabalho com as entrevistas que não tinham sido tão esmuiçados no curso. Foi ótimo também, surgiram idéias e se estabeleceu a parceria.

Também fiz um calendário novo, agora com as datas reais. Mas precisa ainda de alguns ajustes e mais detalhes. Estamos já com a mão na massa! Mas nessa semana vem aí a catarse nacional: o carnaval! E logo na sequência, sem dúvida e com empenho, estaremos de volta aos trabalhos!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

os propósitos

Partimos com o objetivo de documentar e organizar um acervo com diversas narrativas pessoais referentes à uma história. A história da Academia Piolin de Artes Circenses, desde sua fundação até o encerramento de suas atividades. Trata-se de um trabalho de registro e resgate para conhecer, analisar e divulgar reflexões acerca das recentes mudanças na forma de transmissão dos saberes e conhecimentos específicos desta arte. E, a partir deste levantamento, facilitar o acesso do material como fonte de pesquisa à todos os interessados, tanto no meio artístico em geral e especialmente circense e também nos meios acadêmicos, bem como à todos os outros interessados para que possam ter interesse e desejem ter conhecimento sobre essa parte da história do circo no Brasil e sua específica contribuição na transformação dos processos de ensino/aprendizagem e na importância na constituição do patrimônio cultural brasileiro. Com isso, buscamos dar incentivo para que surjam mais estudos e pesquisas sobre o circo. Queremos colaborar com esse cenário com conteúdo que proporcione motivação para mais pesquisas, discussões e pensamentos sobre os temas que cercam o nosso objeto.

Assim, nos deparamos diretamente com questões sobre a transformação nos métodos de transmissão dos saberes circenses e, através disso, sobre a identidade dos circenses da contemporaneidade. Especificamente, sobre a construção dessa identidade a partir do surgimento das escolas de circo, tanto no que tange àqueles que se formam em escolas como a respeito dos que se formam sob a lona “tradicional”... e hoje convivem todos no mercado de trabalho. Poderíamos ir até a indagação: O que é “ser circense” hoje? É uma pergunta muito ampla, por isso, decidimos dedicar este trabalho aos registros sobre a primeira manifestação de difusão da cultura e dos saberes circenses fora do nomadismo. Uma escola de circo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

registros do princípio

O ano de 2012 teve início no dia em que foi divulgada a aprovação deste projeto! Neste primeiro post, antes de explicar em detalhes os objetivos do projetos e as intensões desse blog escolhi dividir meus sentimentos e compartilhar alguns registros dos meus primeiros estudos sobre o tema. Quando engatinhava...

Vieram as festas, fui viajar. E estou de volta há cerca de uma semana, descobri na sexta feira passada que o dinheiro já esta disponível. Então, mãos à obra! Já havia sentido essa alegria e empolgação muitas vezes. Primeiro quando decidi e comecei a agir, anos e anos atrás. Em seguida, com diversos passinhos que dei. E então, depois de sentir uma certa insegurança ao mandar meu projeto para a Funarte com quase cinco anos de demora, senti essa alegria de novo ao saber da sua aprovação. Alegria e orgulho, aliás. Sim. E na sexta feira senti essa conhecida alegria exatamente porque pensei: agora é pra valer e com estímulo! Então, digo novamente, mãos à obra!

Vamos dar início ao espetáculo! Ou melhor, vamos dar continuidade!

Revirando aqui meus antigos registros, escolhi trechos das minhas primeiras anotações e impressões que muito convergem com  a energia que ainda sinto. Hoje, mudada. Mais madura certamente... Mas, sempre alegre e alerta. Assim, reproduzirei abaixo essas anotações.

"SP 01/08/2002 - ECA - USP
Primeiro dia de trabalho sobre meu projeto: 'Construção de sonhos não é fantasia!'
Tese de doutorado: Eliene Benício Amâncio Costa "Saltimbancos Urbanos - A influência do Circo na renovação do teatro brasileiro nas décadas de 80 e 90" São Paulo, 1999 (T792.02C837s - 2 volumes)
"O circo é o último vestígio de um saber antigo, existencial e iniciático. Esse saber, essa arte ancestral e única que é o circo, só se perpetua graças a dois mecanismos: a transmissão de pai para filho e o ensino proporcionado por uma escola" Jean Ziegler.
Lendo a tese... Introdução p.21 "Hoje as escolas de circo têm a função de transmitir esses conhecimentos devido à desagregação de várias famílias circenses, causada por fatores políticos, sociais e econômicos (...)"
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PESSOAL e INTRANSFERÍVEL. Caderninho novo, cabeça mexida, sentimentos organizados, novos projetos. Estou cheia de vida! E a vida é sempre novidade. Dormi no Crusp essa noite, acordei cedo e fui estudar. Fui feliz. Estou feliz. (...) Eu não preciso de muito dinheiro, graças à Deus! Mas preciso de trabalho! E assim nascem novos projetos... Mas nenhum está cansado. Eu estou viva, lotada de fé! Puts! Amanhã viajo, sem expectativas... sei que vai ser bom. Procurar pessoas certas. Dedicação! (...) A vida se constrói na rua, em casa, na ação, no treino, na faculdade, olho no olho, cara a cara. Cara à tapa! No acorde. É isso. Estou bem, claro que com muitas coisas pendentes, mas estou bem e disposta para resolvê-las!"

Por enquanto é isso. Só uns trechinhos anotados dez anos atrás e deliciosamente relidos hoje com essa alegria que se renova a cada passo. É isso aí. Aqui não se desata nó. Não, não. Aqui a gente faz a trança!
Então, mãos à obra!