quarta-feira, 21 de novembro de 2012

pela Ladeira da Memória

Está aqui mais uma postagem que aguardava há bastante tempo nos rascunhos... Não entre os tópicos que gostaria de discutir aqui, alguns temas profundos, outros levianos, uns mais e outros menos acadêmicos... Não esses. Estava aguardando entre rascunhos avulsos, carregados de sensação.

Engraçado que tinha só o título e cá estou eu, entre reflexões sobre a memória, com um título desses, exercitando a minha na prática e obviamente... num espiral... refletindo enquanto lembro, exercitando enquanto reflito, lembrando enquanto percebo o quanto pode ser profunda a luz de fim de tarde quando se está num dia de entrega.

Antes que pareça que nada tem a ver com nada aqui. É preciso fazer sabido que a Ladeira da Memória é lugar concreto. E, naquele dia, sem preguiça, eu subia. Nada de ladeira abaixo em confusão de pensamento. Era tarde de uma provável segunda feira, nem sei se fui ao Centro de Memória do Circo naquele dia ou se só passei perto. (Pois agora minha escola está quase funcionando ali bem do lado. E isso é ótimo.) Mas naquele dia, ao invés de subir a escada rolante do metro Anhangabaú pra chegar logo lá em cima, eu fui a pé. Subindo a ladeira... Aquela ladeiroca toda charmosa no nosso conturbado centro paulistano  Entre entrevistas, pensar, pesquisar e pensar mais um pouco... Tenho uma recordação com cor, sombra e luz, cheiro e sensação de vento... de subir a ladeira ali pra achar o Theatro Mvnicipal lá em cima. Tenho recordação da mente vazia de repente. Daquela sensação de certezas pequenas, aquelas bem pequeninas que podem valer a existência da gente.

Acho que, para sempre, sempre que subir por ali vou me lembrar desse dia. As vezes anteriores nem existem e mesmo que algo tão incrível, inédito ou inusitado aconteça por lá... Não vai dar para apagar aquela sensação de entrega à poesia vazia de palavra ou de toda e qualquer coisa, a poesia do passo comum de subir pela Ladeira da Memória. Sem motivo especial, sem preguiça, sem seguir a manada, sem pressa, sem glória, sem expectativa, sem paranóia, sem nada. Só o fagote com certeza me acompanhava. E a minha disposição de ser aquilo que posso.

Se havia outro detalhe, motivo, fundamento ou razão para esse texto, não sei. Isso foi tudo que pude me lembrar.

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